“Matou uma, Matou todas" é um livro fundamental. Nele, o premiado jornalista e escritor pernambucano Klester Cavalcanti — vencedor de três Prêmios Jabuti, do Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos e do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo — dá voz a mulheres silenciadas pelo feminicídio, num jornalismo literário e primeiro livro sobre este assunto escrito por um homem. Com sensibilidade, reconstitui trajetórias de vítimas reais, assassinadas brutalmente por seus companheiros ou ex-companheiros. Klester faz lançamento em São Paulo nesta terça, às 18h30, com bate-papo com alguns personagens presentes no livro que vivenciaram esta triste experiência e sessão de autógrafos na Biblioteca do Senado Federal em Brasília.

Este livro também marca a estreia do catálogo da recém-criada Ação Editora, o novo braço cultural da Ação da Cidadania e celebra os 90 anos de Herbert de Souza, o Betinho, simbolizando o compromisso da editora com a diversidade, a preservação da memória e o impacto cultural brasileiro.

Mais do que estatísticas alarmantes, essas mulheres ganham nome, história e humanidade. Cada capítulo revela uma vida interrompida, uma família devastada e uma rede de silêncio que perpetua a violência de gênero no Brasil.

Com posfácio de Luiza Trajano, “Matou uma, Matou todas” é leitura essencial para quem entende que contar essas histórias é passo fundamental para enfrentar de frente essa tragédia — que não é acidental, nem inevitável.

A violência contra a mulher é tão antiga quanto a história da humanidade. Desde tempos remotos, há relatos de mulheres agredidas pelo homem e pelo sistema. Achados arqueológicos mostram que, no Antigo Egito (c. 3.000 a.C.), mulheres já eram estupradas e assassinadas por não obedecerem a seus maridos e senhores.

Milênios se passaram e pouco mudou: mulheres continuam sendo agredidas por serem mulheres. Com o ingresso delas no mercado de trabalho, surgiram novas formas de violência, como o assédio sexual e moral e a desigualdade salarial. Em 2025, quase 70 anos depois, mulheres em todo mundo ainda enfrentam múltiplas formas de violência, sendo o feminicídio a mais cruel e devastadora. Os números impressionam.

Este livro tem como missão denunciar essa dura realidade ao narrar e analisar casos de todas as regiões do Brasil e valorizar o trabalho de pessoas e instituições que combatem a violência de gênero.

“Foram mais de 80 pessoas entrevistadas em um processo longo, exaustivo e doloroso”, diz o autor. Dos mais de 120 casos de feminicídio analisados, seis foram escolhidos para compor o livro. Klester ouviu familiares, amigos, colegas de trabalho e profissionais envolvidos na investigação, julgamento e apoio às vítimas e seus entes queridos.

Recifense, jornalista desde 1994, Klester Cavalcanti passou por grandes veículos como Veja, Estadão, IstoÉ e Rede Globo. É autor de cinco livros, três deles premiados com o Jabuti: “Viúvas da Terra”, “O Nome da Morte” e “Dias de Inferno na Síria”. “O Nome da Morte” foi adaptado para o cinema, lançado em mais de 20 países e traduzido para oito idiomas, tornando Klester o autor brasileiro de livro-reportagem mais publicado no mundo.

Para produzir esta obra, Klester dedicou mais de seis anos a pesquisas, entrevistas e viagens pelo Brasil. Entre milhares de casos de feminicídio, selecionou seis para uma apuração profunda, mostrando que o problema é nacional. Leu mais de 17 mil páginas de inquéritos e processos, assistiu a cerca de 90 horas de vídeos — de audiências, julgamentos e entrevistas — e analisou quase duas mil fotografias, entre laudos, cenas de crime e arquivos familiares.

Além de amigos e familiares das vítimas, o autor ouviu especialistas de diversas áreas no combate à violência de gênero: policiais, promotores, defensores públicos, advogados, psicólogos, economistas, empresários, políticos e representantes de ONGs.

O resultado é uma obra que escancara uma realidade cruel e inaceitável: mais de 1.400 mulheres são assassinadas a cada ano no Brasil, sejam negras, brancas, indígenas, ricas ou pobres, de todos os cantos do país. Mortas por maridos, namorados, vizinhos, desconhecidos. A mensagem é clara: no Brasil, basta ser mulher para estar exposta à violência, do insulto ao homicídio.

No entanto, o livro também aponta caminhos para um novo cenário. Diversos projetos mostram que a mudança é possível, como o programa da ONU Mulheres voltado para educação e conscientização de homens, e a iniciativa da Defensoria Pública do Amazonas, que apoia crianças e adolescentes órfãos do feminicídio.

Há uma rede crescente de ONGs e iniciativas nacionais de combate à violência de gênero, quase todas lideradas por mulheres — compreensível, pois são elas que sofrem na pele e na alma a dor de viver em um país violento e machista. Com bravura e força, são as mulheres que mudarão essa realidade. A participação masculina, no entanto, é fundamental para que se alcance uma sociedade em que mulheres tenham os mesmos direitos e oportunidades, e possam viver sem medo de serem mortas apenas por serem mulheres. Espero que este livro ajude a transformar esse sonho em realidade.

“Ao retratar episódios emblemáticos e personagens que enfrentam o machismo estrutural, a obra de Klester questiona: por que o lar, tantas vezes, é o lugar mais perigoso para as mulheres? Como romper o ciclo de violência? Como podemos, enquanto sociedade, combater esse mal?”, indaga o editor Pascoal Soto. “Que o impacto deste livro nos inspire a lutar contra essa cultura. Enquanto uma mulher for assassinada por ser mulher, todas estão em risco. Só juntos, com coragem e compromisso, poderemos virar essa página sombria da nossa história.”

Autor: Klester Cavalcanti
Título: Matou uma, Matou todas
Subtítulo: Histórias reais de vítimas de feminicídio no Brasil. E a luta contra esse mal que assola o país
Editora: Ação Editora
Formato: 23 x 16 cm
Profundidade: 1,8 cm
Páginas: 340
Preço: 79,90

Fonte: Debs Comunicação 

Fotos: Divulgação