Brasília, conhecida por sua arquitetura moderna e pela diversidade cultural que pulsa em cada canto, revela-se também um terreno fértil para a chamada economia criativa. Essa vocação, identificada em estudo do Sebrae no Distrito Federal, conecta inovação, identidade cultural e novos hábitos de consumo em um setor que ganha força crescente no país e abre espaço para diferentes perfis de empreendedores.
Dentro desse cenário, o levantamento mapeou quatro oportunidades de negócio capazes de traduzir a vocação da economia criativa em empreendimentos reais e sustentáveis. A proposta vai desde o aluguel de roupas em bibliotecas de vestuário voltadas para moda circular até a criação de estúdios de som e vídeo voltados à produção audiovisual. O estudo também aponta os espaços makers e FABLabs como alternativa para arquitetos e designers que desejam prototipar ideias inovadoras com tecnologia de ponta. E, claro, destaca o potencial das microcervejarias artesanais, que já começam a se consolidar como opção de negócio no Distrito Federal, unindo tradição, experiência gastronômica e valorização de ingredientes regionais.
Mais do que abrir frentes de negócio, essas oportunidades mostram como a economia criativa pode ser transformada em estratégia de desenvolvimento econômico e cultural. São iniciativas que dialogam com sustentabilidade, identidade local e novas formas de consumo, alinhadas ao espírito inovador que marca Brasília desde sua fundação.
Um mercado cada vez mais promissor
A primeira frente destacada pelo estudo é a criação de uma biblioteca de roupas, modelo inspirado na lógica do compartilhamento e no fortalecimento da economia circular. A proposta consiste em oferecer peças de vestuário para aluguel em diferentes ocasiões, de eventos sociais a compromissos profissionais, permitindo que o consumidor tenha acesso a opções variadas sem precisar recorrer ao consumo tradicional.
Brasília, com seu público de alto poder aquisitivo e intensa agenda cultural, aparece como terreno fértil para esse tipo de empreendimento. O modelo de negócio prevê a combinação entre uma plataforma digital robusta e experiências presenciais, incluindo assinaturas, oficinas de moda sustentável e campanhas educativas. Além de reduzir o desperdício, o formato posiciona o empreendedor como agente de transformação no setor, atendendo a uma demanda crescente por práticas de consumo mais conscientes.
Outro ponto forte do levantamento está nos espaços makers e FABLabs voltados ao desenvolvimento de projetos em arquitetura, urbanismo e design. Estruturados com impressoras 3D, cortadoras a laser e softwares de modelagem, esses ambientes oferecem infraestrutura para a prototipagem rápida de maquetes e soluções urbanísticas.
O DF, que concentra profissionais qualificados e instituições de ensino com foco em inovação, desponta como região estratégica para esse tipo de empreendimento. Além da prototipagem, o espaço pode se consolidar como centro de capacitação, oferecendo workshops, cursos e eventos, funcionando como polo de colaboração entre arquitetos, designers, startups e estudantes. A proposta vai além da produção de modelos e pode fomentar uma cultura de experimentação, aproximando tecnologia, criatividade e urbanismo de forma prática.
A produção de conteúdo digital de qualidade é outro mercado em franca expansão, e o estudo do Sebrae no DF aponta a instalação de estúdios de som e vídeo como oportunidade promissora. Voltados para criadores de conteúdo, músicos, empresas, órgãos públicos e instituições culturais, esses espaços podem oferecer serviços de gravação, edição e mixagem em alto padrão.
Localizados em Brasília, ganham ainda mais relevância pela proximidade com organizações governamentais e instituições culturais, gerando sinergias para produções institucionais, artísticas e comerciais. O modelo de negócio prevê tanto a locação do espaço quanto pacotes de assinatura e serviços sob demanda, abrindo portas para parcerias e projetos de longo prazo. Além de atender a uma demanda crescente, esses estúdios podem impulsionar o setor audiovisual local, consolidando Brasília como polo criativo também neste campo.
Microcervejarias: sabor, identidade e turismo
Entre as quatro oportunidades mapeadas, a microcervejaria artesanal ocupa espaço de destaque, especialmente pela capacidade de unir tradição cervejeira, identidade regional e experiências gastronômicas. O público brasiliense, diverso e exigente, tem se mostrado cada vez mais interessado em produtos premium, consumo consciente e vivências autênticas, criando um ambiente propício para esse tipo de negócio.
O estudo mostra que, com uma estratégia baseada em sustentabilidade, inovação e parcerias, a microcervejaria pode se posicionar como referência, fomentando tanto a economia criativa quanto o turismo gastronômico. A valorização de insumos típicos do Cerrado brasileiro, como frutas e especiarias regionais, somada ao compromisso com práticas sustentáveis, cria diferenciais competitivos que dialogam com tendências de mercado.
Além da geração de empregos e do fortalecimento da cadeia produtiva local, o setor tem potencial para impulsionar o chamado turismo cervejeiro, atraindo visitantes interessados em conhecer processos de produção, degustar rótulos exclusivos e participar de experiências imersivas. Essa tendência já é realidade em polos consolidados como Blumenau, Curitiba e Belo Horizonte, e encontra em Brasília um cenário promissor para se expandir.
O exemplo da Gont’s
No Distrito Federal, algumas iniciativas já ilustram como transformar essa oportunidade em negócio real. É o caso da Cervejaria Gont’s, fundada por Roberval Gontijo e seus filhos, Leandro e Gabriel, em Brazlândia. Aberta em 2020, em plena pandemia, a empresa precisou ajustar rotas logo no início.
“Em 2020, com tudo pronto, eu saindo para apresentar melhor nosso empreendimento para o mercado, e foi decretado o lockdown. Não poderia ser em hora pior. Tivemos de readequar tudo”, relembra Leandro.
O apoio do Sebrae foi fundamental para superar as dificuldades e estruturar o negócio. Com orientação técnica, os empresários conseguiram alinhar a produção, refinar processos e encontrar diferenciais de mercado. Hoje, a Gont’s conta com 14 rótulos lançados, muitos deles elaborados com ingredientes típicos do Cerrado, como morango e baunilha, capazes de conquistar paladares e contar histórias.
Para Leandro, a criatividade é elemento-chave para conquistar novos nichos. “Todo mundo conhece cerveja, mas não cerveja premium. A gente precisa ainda avançar nesse mercado, e aí entra a criatividade”, afirma.
A trajetória da Gont’s mostra que, mesmo em cenários adversos, é possível inovar e criar conexões com consumidores em busca de experiências únicas, reforçando a força da economia criativa como vetor de desenvolvimento local.
Criatividade como estratégia de futuro
O estudo do Sebrae reforça que a economia criativa não deve ser vista apenas como tendência, mas como estratégia estruturante para o desenvolvimento do Distrito Federal. Ao integrar cultura, inovação, tecnologia e identidade local, ela cria oportunidades que diversificam a economia, atraem investimentos e geram empregos qualificados.
A biblioteca de roupas, os espaços makers, os estúdios de som e vídeo e as microcervejarias são exemplos de como essa vocação pode se materializar em negócios reais. Cada frente aponta para um mesmo caminho: o de transformar criatividade em renda, fortalecer cadeias produtivas locais e reposicionar Brasília como polo de inovação cultural e econômica.
Mais do que negócios isolados, trata-se de um ecossistema em construção, capaz de consolidar no coração do país uma referência nacional em criatividade e empreendedorismo.
Serviço – Cervejaria Gont’s
Site: cervejariagonts.com.br
Instagram: @instagram.com/cervejariagonts
Fonte: Clip Clap Comunicação
Fotos: Benzoix | Freepik / Focus Produção de Imagem