Encenada pela primeira vez em 2022, "Trilhas, Noite Cheia de Lua de Sol" inicia, em 24 de outubro de 2025, a partir do Distrito Federal, circulação nacional. Com texto, direção e atuação de Cláudia Andrade, o espetáculo cênico imagético é atravessado por elementos como a videoarte, música, dramaturgia contemporânea e as artes visuais.

Na construção desse universo, cruzam-se os dilemas do feminino, a maturidade, os jogos de poder, a finitude e os contrastes sociais que moldam e desafiam a existência humana. Sob os holofotes estão os preconceitos arraigados em uma sociedade hipócrita e desigual, bem como o convite à libertação e redenção a partir do reconhecimento do outro em si mesmo. A turnê, com 12 apresentações, integra o projeto "Resistência nos Trilhos -- Remontagem & Circulação", contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (FAC-DF) e passa por Ceilândia (DF) - Teatro Sesc Newton Rossi; Vitória (ES) - Casa da Música Sônia Cabral; Belo Horizonte (MG) - Palácio das Artes; São Paulo (SP) - Teatro Ruth Escobar, e Brasília (DF) - Teatro Nacional Cláudio Santoro. As quatro primeiras apresentações, de 24 a 26 de outubro, na estreia, em Ceilândia, serão gratuitas.

O texto nasceu em 2017, durante a oficina Caminhos, ministrada pelo dramaturgo Maurício Arruda. Após uma avaliação entusiasmada, Arruda incentivou Cláudia a levar a ideia para os palcos. Unindo suas habilidades no audiovisual e nas artes cênicas, ela concebeu uma montagem híbrida e a submeteu à consultoria do professor, diretor e dramaturgo Fernando Villar. "Cláudia Andrade é uma guerreira das artes há décadas, em diferentes continentes e linguagens artísticas. Muita experiência como dançarina, atriz e produtora ímpar de teatro, dança, audiovisual e eventos. Agora, em Trilhas, ela alcança voo maior como artista da cena, escrevendo, coprotagonizando, dirigindo e produzindo uma intermídia cênica que, de forma singular e singela, provoca outras reflexões e percepções sobre 'mulheridades' em nossa desumana contemporaneidade". Já a análise técnica e preparação de elenco coube ao mestre Humberto Pedrancini. A esta construção, soma-se, na montagem atual, a colaboração, na direção, do professor e diretor de teatro João Antônio, que traz sua vivência de mais de 60 anos dedicada ao teatro brasileiro.

A exemplo do que aconteceu na estreia, esta nova jornada de "Trilhas" busca a conexão com a plateia. "Risos, pessoas cantando juntas, choros contidos, a procura por abraços e fotos ao final dos espetáculos e os depoimentos mais emocionantes do mundo. Essa reação foi o combustível que deu vontade de pôr o pé na estrada de novo e levar essa experiência para outros públicos. Provocar emoções, questionamentos e transformações é o que move qualquer artista", afirma Cláudia. 

No tablado desta remontagem, Cláudia segue com as companheiras de cena Eloisa Cunha e Genice Barego, atrizes também 50+ com uma vasta trajetória teatralEssa continuidade cria um entrosamento raro, fruto de uma evolução conjunta, em que cada atriz foi aprofundando sua personagem e sua relação com as demais. O resultado é um espetáculo mais maduro, com camadas de interpretação que se refinaram ao longo do tempo e que prometem se refletir em ainda mais qualidade artística nas apresentações. 

Referências que atravessam tempos e linguagens

Guiada por sua vivência multifacetada, Cláudia reúne referências que vão da sabedoria ancestral às linguagens contemporâneas. Um exemplo disso é a fala inicial projetada no início do espetáculo. Originária da língua Hopi, do povo indígena norte-americano, essa mensagem, que primeiro tocou a diretora ao ser revelada nas telas do filme Koyaanisqatsi, de Godfrey Reggio, agora é reinventada no palco. "Vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida que pede uma outra maneira de se viver" norteia o espírito da peça em sua proposta de refletir sobre os caminhos que cada um escolhe percorrer.

A trama discorre a partir do encontro entre duas mulheres com mais de 50 anos: Silvia (Eloisa Cunha) e Gimena (Cláudia Andrade). De origens e vivências distintas, elas se cruzam ao acaso numa parada de ônibus, em alguma estrada erma do interior do Brasil. Iniciam, então, uma jornada marcada por embates, estranhamentos, memórias, afetos, contrastes sociais, revelações e mitos. As personagens são acompanhadas por Gaivota (Genice Barego), figura diáfana, agênera, atemporal e mística que transita pela cena como símbolo de conexão, intuição e mistério. O espetáculo reafirma seu compromisso com a diversidade de olhares, vozes e linguagens ao alcançar novos públicos em sua circulação por diferentes regiões do país.

Além das atrizes, Trilhas conta com o talento de Aníbal Alexandre, que assina a videoarte e o videomapping; Lemar Rezende, responsável pelo design de luz e coordenação técnica; Lipe Duque, que cuida da captação de imagens para a videoarte; e Mateus Ferrari, na composição e produção musical. No elenco de apoio, em cenas apresentadas em projeção de vídeo, estão Carlos GóesDemetrius Christophidys, Guilherme Angelim e ainda a participação especial das atrizes Wol Nunes e Aurea Liz

 

Acessibilidade e inclusão como missão

Trilhas é um convite à empatia. Cláudia leva para o palco sua compreensão sobre a vida, defendendo que, independentemente do tamanho da conta bancária, da origem ou do status educacional e profissional, todos compartilham dores, sonhos e desafios comuns. Entre esses desafios, estão, de forma evidente, as lutas e limitações enfrentadas pelas mulheres em uma sociedade ainda marcada pelo patriarcado. "Mais do que uma obra a ser analisada, Trilhas é uma experiência a ser vivida: um espetáculo que quer tocar o público, chegar ao coração, proporcionando um momento de lazer e emoção", explica Cláudia.

Importante reforçar o compromisso de Trilhas em levar cultura a quem normalmente não tem acesso. Para isso, o projeto investe em ações de acessibilidade, oferecendo sessões com intérpretes de Libras e audiodescrição para pessoas com deficiência visual, em dias específicos da programação, para garantir uma experiência completa para pessoas com deficiência auditiva e visual. Além disso, contempla ações sociais, como transporte e cortesias para turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e grupos de pessoas com deficiência visual, permitindo a esses públicos vivenciar a experiência teatral de forma plena e acolhedora.

O projeto prevê ações formativas que ampliam seu alcance artístico e educacional, como rodas de conversa com o público após as apresentações, criando espaços de troca e diálogo, além de duas oficinas de interpretação-- sendo uma delas com audiodescrição-- e um debate nacional virtual com o tema "O Desafio da Circulação Teatral Nacional no Brasil".

 

Sobre Cláudia Andrade

Cláudia Andrade é uma artista plural, com mais de 40 anos de dedicação às artes cênicas, ao audiovisual e à produção cultural. Jornalista e comunicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), construiu uma trajetória internacional que transita por diferentes territórios da criação: atriz, bailarina, performer, diretora, dramaturga, produtora executiva, gestora de projetos, repórter, apresentadora, locutora e mestre de cerimônias de grandes eventos.

Poliglota, buscou oportunidades no exterior e usufruiu dessa experiência vivendo em países como Estados Unidos, França, Itália, Alemanha e Suíça, onde teve a oportunidade de colaborar com companhias e diretores de reconhecimento mundial, aprofundando seu olhar artístico e sua capacidade de diálogo entre culturas.

Experiências intensas e diversas a levaram dos palcos e bastidores do teatro brasileiro aos estúdios de cinema internacionais, e vice-versa. Atuou em produções de grandes estúdios como ParamountGaumont, Zoetrope (de Francis Ford Coppola) e de astros como Michael Jackson. Sua presença se estende ainda por produções da CineccitàTV Globo e Conspiração Filmes, além de coberturas jornalísticas para veículos internacionais como ABCCBSPBS, Reuters e France 3.

Em sua formação como artista cênica, Cláudia investiu na diversidade de linguagens. Passou pela dança com Yara de CuntoRosália PieLuiz MendonçaRussel Clark e Miranda Garrison, dentre outros. Adentrou na palhaçaria, teatro físico e performance com mestres e mestras do Brasil e de outros países, dentre eles John MowatDarina RoblesCarla ConkáRubens Velloso e Violeta Luna. 

Despertada pelo interesse de também poder construir suas narrativas, cursou oficinas de roteiro e dramaturgia com o diretor alemão Ansgar Ahles, o dramaturgo argentino Santiago Serrano, e o diretor e dramaturgo Maurício Arruda, mentor de Trilhas. Nos palcos e no cinema, seja como atriz, bailarina ou performer, esteve sob a direção de grandes nomes como Hugo RodasFernando VillarIrmãos GuimarãesMaura BaiochiMarcelo Lujan, Susan Scalan, Greydon Clark, Tommy Lee Wallace, Lyndall Hobbs, e mais recentemente com Péterson Paim, contracenando com Letícia Sabatela. Cada experiência contribuiu para a construção de uma visão ampla, inovadora e sensível sobre a cena teatral e suas possibilidades.

Tanta estrada culminou em "Trilhas, Noite Cheia de Lua de Sol", onde colocou à prova toda esta proposta polivalente, chamando para si a responsabilidade como idealizadora, dramaturga, diretora e atriz do espetáculo. Cláudia também se destaca pela criação e gestão de projetos culturais de grande impacto, aprovados em editais e fomentos como o FAC-DF. Sua carreira é marcada pela conexão entre linguagens — teatro, dança, audiovisual e festivais — sempre com a arte no centro como ferramenta de transformação social.

Mais do que uma artista, Cláudia Andrade é uma tecelã de experiências, que costura histórias, culturas e olhares em obras que celebram a beleza, a diversidade e o poder do encontro.

 

SERVIÇO:

Espetáculo: Trilhas, Noite Cheia de Lua de Sol
Data: 24 a 26 de outubro de 2025
Local: Teatro Sesc Newton Rossi – Sesc Ceilândia
(QNN 27 Área Especial, Ceilândia Norte, Brasília – DF)

Sessões:

24/10 (sexta-feira), às 20h – com Audiodescrição

25/10 (sábado), às 16h – com Audiodescrição

25/10 (sábado), às 20h – com Libras

26/10 (domingo), às 18h

Ingressos: Gratuitos, retirada via Sympla
Classificação indicativa: 16 anos

 

Próximas apresentações:

06 e 07/11 - Casa da Música Sônia Cabral / Vitória (ES)

27 e 28/11 - Teatro João Ceschiatti - Palácio das Artes / Belo Horizonte (MG)

09 a 11/01/2026 - Teatro Ruth Escobar - Sala Dina Sfat / São Paulo - SP

27/02 a 01/03/2026 - Teatro Nacional Cláudio Santoro - Sala Martins Pena - Brasília - DF




Fonte: Donna Mídia Comunicação